Para quem está sofrendo um acidente vascular cerebral, o tempo é mais que valioso. A estimativa é de que 1,9 milhão de neurônios morrem a cada um minuto após o AVC ocorrer, o que deixa o caso mais complicado com o passar o tempo. E foi principalmente o indicador do tempo para atendimento a esses casos, o chamado porta-agulha, que garantiu a mais alta certificação (nível Diamante) na iniciativa “Angels” à Unidade de AVC do Hospital Municipal de Contagem (HMC), sendo a terceira em menos de um ano.
Em 2024, a média de tempo do porta-agulha da unidade foi de 36 minutos, com destaque para o mês de agosto, que fechou com 18 minutos de média. Outro indicador de destaque é o tempo entre a chegada do paciente e a realização da tomografia computadorizada, exame de imagem essencial para diagnosticar o AVC, que foi de 17 minutos em média, com destaque para setembro, que fechou com média de apenas 7 minutos.
A iniciativa “Angels” é uma premiação não promocional, fruto da parceria entre a farmacêutica B’oehringer Ingelheim (uma das principais do mundo), a European Stroke Organization e a Sociedade Brasileira de AVC. O objetivo do projeto é apoiar as instituições e os profissionais de saúde no desenvolvimento ou melhoria das estruturas para o atendimento do AVC.
Para o coordenador da Unidade de AVC, Pedro Gadbem, as premiações do projeto “Angels” confirmam a excelência da assistência prestada aos pacientes. “Além disso, nos permite uma análise profunda dos dados, o que garante um processo constante de melhoria. Uma prova é que iniciamos nossa participação na iniciativa no segundo trimestre de 2024, sendo contemplados com a premiação Gold em junho, ao final do terceiro trimestre já recebemos a certificação Platinum e, no último, o nível mais alto, o Diamond (Diamante)”, comemorou.
Unidade de AVC do Hospital Municipal
O AVC é uma das principais causas de mortalidade e incapacidade em todo o mundo, com mais de cem mil casos por ano no Brasil. Desde a inauguração, em novembro de 2022, a Unidade de AVC do HMC já atendeu mais de 1.000 pacientes e vem consolidando sua importância no atendimento às pessoas acometidas por essa doença.
Apenas em 2024, a Unidade de AVC acolheu 576 pacientes, com boa parte deles, cerca de 57%, recebendo alta após tratamento. A ação reduz o tempo de internação, facilita a reabilitação e devolve, de maneira segura, a pessoa ao convívio familiar, o que contribui ainda mais para sua recuperação. A média de permanência dos pacientes na unidade foi de 3,2 dias, mantendo uma taxa de ocupação próxima a 63%.
Para a gerente da Linha de Cuidados de Urgência e Emergência do HMC, Jéssica Barbosa de Oliveira Santana, além da estrutura física e de todo suporte disponível, o treinamento dos profissionais envolvidos no processo foi essencial. “O foco é garantir que o paciente seja atendido no tempo certo, com o tratamento adequado. Quando o paciente chega à emergência, é logo submetido ao protocolo para diagnóstico, com exames clínicos e de imagem, recebendo, em seguida, todo acompanhamento médico e multidisciplinar necessário”, explicou.
Iniciativa “Angels” no mundo
A iniciativa “Angels Awards” já está presente em mais de cem países e certificou mais de mil hospitais em todo o mundo. Ao todo, 407 hospitais, em 37 nacionalidades, receberam o prêmio no 2º trimestre deste ano, sendo 50 deles no Brasil, entre instituições públicas e privadas. Em Minas Gerais, quatro entidades receberam o título, entre elas, o Hospital Municipal de Contagem.
Outra possibilidade interessante é que Contagem ainda pode receber o título de “Cidade Angels”, ou seja, comprometida com a linha de cuidados do AVC. Para isso, vem sendo feito um trabalho que envolve o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e as escolas, nas quais as crianças serão capacitadas para reconhecer os sintomas de AVC.